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Estradiol e controle do apetite

O artigo intitulado "Estradiol and appetite: To eat or not to eat" publicado na revista Molecular Metabolism em 2020 explora as multifacetadas interações do estradiol, o principal estrogênio ovariano, com os processos de regulação da homeostase energética, destacando seu impacto na ingestão alimentar e no gasto energético. O estudo de Yu et al. adiciona novos insights ao entendimento tradicional dos efeitos do estradiol, desafiando o dogma clássico sobre sua atuação apenas como modulador da fome e da saciedade baseado em sua atividade transcripcional através dos receptores de estrogênio (ER).


Fisiologia do Estradiol na Regulação Energética


O estradiol (E2) desempenha um papel crucial não só na reprodução e no eixo hipotálamo-pituitário-gonadal (HPG), mas também na modulação do balanço energético. Sua redução após a menopausa ou ovariectomia em roedores leva ao aumento da ingestão alimentar (hiperfagia) e à diminuição do gasto energético, resultando em ganho de peso geral. Contrariamente, a terapia de reposição de E2 reverte ou previne esses efeitos. O estradiol atua em níveis periféricos e centrais, particularmente em núcleos hipotalâmicos como o arqueado (ARC), onde inibe a alimentação, e o ventromedial (VMH), onde estimula a termogênese do tecido adiposo marrom (BAT), promovendo o gasto energético.

O estradiol promove ações bidirecionais na alimentação, dependendo do estado nutricional. A visão canônica é que o estradiol (E2) atua no hipotálamo para inibir a ingestão de alimentos através da atividade transcripcional do receptor de estrogênio alfa (ERa). Um estudo recente de Yu et al. demonstra que o efeito do E2 sobre a alimentação depende do estado nutricional. Em um cenário de alimentação ad libitum, o E2 inibe a alimentação. No entanto, após o jejum ou glucopenia central, o E2 promove a realimentação, notavelmente através da atividade do ERa ligado à membrana (m-b). 3V: terceiro ventrículo; ARC: núcleo arqueado do hipotálamo; DMH: núcleo dorsomedial do hipotálamo; LHA: área hipotalâmica lateral; PVH: núcleo paraventricular do hipotálamo; VMH: núcleo ventromedial do hipotálamo.


Mecanismos de Ação do Estradiol


Estudos anteriores identificaram dois tipos principais de receptores nucleares de estrogênio, ERα e ERβ, que atuam como fatores de transcrição dependentes de ligante. Essa visão clássica foi ampliada pela demonstração de que a deficiência de ERα em modelos de camundongos reproduz os efeitos da deficiência de estrogênio associada à ovariectomia. Além disso, o ERα também exerce funções extranucleares, mediando respostas rápidas e de curto prazo.


Estradiol e Refeeding: Uma Nova Perspectiva


O estudo conduzido por Yu et al. mostrou que o estradiol tem um papel bidirecional na alimentação, dependendo do estado energético. Nos camundongos ovariectomizados, observou-se que, enquanto a hiperfagia induzida pela OVX foi corrigida pela reposição hormonal com E2, o padrão de refeeding após o jejum noturno era dependente do E2 endógeno. Os experimentos utilizaram modelos de camundongos mutantes que foram deficientes em atividade de ERα membranar ou em funções transcripcionais, destacando que as respostas de refeeding eram principalmente mediadas pela atividade membranar de ERα e não por sua atividade transcripcional.


Implicações Clínicas e Fisiológicas


Essas descobertas são relevantes clínica e fisiologicamente, pois sugerem que em cenários de privação alimentar, como na anorexia nervosa, a deficiência de estrogênio pode comprometer a resposta adequada ao refeeding. Além disso, esses resultados estabelecem uma nova base para os mecanismos moleculares mediadores das ações do E2 sobre o balanço energético, diferenciando as ações anoréticas do E2 em condições alimentares normais das respostas ao refeeding que dependem de ações ligadas à membrana.


Conclusão


Portanto, o estudo destaca a complexidade das ações do estradiol na regulação da energia e aponta para a necessidade de investigações adicionais para desvendar completamente as vias moleculares e os mecanismos neuronais envolvidos. A pesquisa abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas contra a obesidade e condições de deficiência de estrogênio, ajustando as abordagens de tratamento às necessidades metabólicas específicas baseadas no estado energético.



Referência

Para mais detalhes, consulte o artigo original: Estradiol and appetite: To eat or not to eat. Molecular Metabolism, 42 (2020), 101061. DOI: 10.1016/j.molmet.2020.101061.


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