Hipertrofia sarcoplasmática
- Henrique Pereira
- 13 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
O artigo de ROBERTS et al (2020) examina a hipótese e as evidências em torno da hipertrofia sarcoplasmática, um tipo de crescimento muscular que envolve um aumento no volume do sarcoplasma (o citoplasma das células musculares) sem um aumento correspondente na quantidade de proteínas contráteis. A hipertrofia sarcoplasmática tem sido um tópico de debate entre cientistas e profissionais do exercício, com alguns considerando-a um "unicórnio da ciência" devido à falta de evidências claras e métodos confiáveis para medi-la diretamente.
O documento detalha vários métodos utilizados para investigar a hipertrofia sarcoplasmática, incluindo microscopia eletrônica de transmissão (TEM), coloração com faloidina, eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE) com coloração de Coomassie, e a avaliação da tensão específica em fibras musculares isoladas. Cada método tem suas vantagens e limitações na capacidade de fornecer evidências diretas ou indiretas de hipertrofia sarcoplasmática.
A revisão sugere que, embora haja alguma evidência indicando que a hipertrofia sarcoplasmática possa ocorrer em resposta ao treinamento de resistência, ainda há muitas incertezas e desafios metodológicos que precisam ser superados. A complexidade da estrutura e função muscular, juntamente com as limitações das técnicas disponíveis, torna difícil isolar e medir mudanças específicas no sarcoplasma em relação a outros componentes da fibra muscular.
Este artigo contribui para o entendimento da hipertrofia muscular, destacando a necessidade de mais pesquisas e o desenvolvimento de métodos mais precisos para investigar a hipertrofia sarcoplasmática e outros mecanismos de crescimento muscular. A hipertrofia muscular pode ser categorizada em dois tipos principais, cada um com características distintas: hipertrofia sarcoplasmática e hipertrofia miofibrilar. Abaixo, esses tipos são descritos em tópicos separados para facilitar a compreensão das diferenças entre eles.
Hipertrofia Sarcoplasmática
Definição: Refere-se ao aumento do volume do sarcoplasma, que é o citoplasma das células musculares. Este tipo de hipertrofia não envolve necessariamente um aumento na quantidade de proteínas contráteis (actina e miosina). Características:
Aumento no volume do fluido e componentes não contráteis dentro do músculo.
Potencial aumento no armazenamento de glicogênio e outros substratos energéticos.
Menos impacto direto sobre o aumento da força muscular em comparação com a hipertrofia miofibrilar.
Comumente associada a treinos de alta repetição e volume, com menor ênfase na carga máxima.
Objetivo: Geralmente visa a estética e o aumento do tamanho muscular sem um foco primário na força.
Exemplo de Treino: Rotinas com repetições mais altas (acima de 12 repetições por série), séries múltiplas e tempos de descanso mais curtos entre as séries.
Hipertrofia Miofibrilar
Definição: Refere-se ao aumento do tamanho e número das miofibrilas, que são as fibras musculares responsáveis pela contração. Este tipo de hipertrofia resulta em um aumento direto na força muscular. Características:
Aumento na quantidade e tamanho das proteínas contráteis (actina e miosina) dentro da célula muscular.
Melhoria na capacidade de geração de força do músculo.
Associada a um aumento na densidade muscular, resultando em músculos mais definidos e fortes.
Comumente alcançada através de treinos com cargas mais elevadas e menor número de repetições.
Objetivo: Focado no aumento da força e do desempenho muscular, além de melhorias na estética devido ao aumento da densidade muscular.
Exemplo de Treino: Rotinas que envolvem cargas elevadas (aproximadamente 70-85% do 1RM) com repetições mais baixas (entre 6 a 12 repetições por série) e tempos de descanso mais longos para permitir a recuperação completa entre as séries.
Ambos os tipos de hipertrofia podem ocorrer simultaneamente em diferentes graus, dependendo do tipo de treinamento realizado. A combinação de treinos focados tanto na hipertrofia sarcoplasmática quanto na miofibrilar pode levar a melhorias tanto na estética quanto na funcionalidade muscular.

Referência: Roberts, M. et al. (2020). Hipertrofia Sarcoplasmática: O Unicórnio da Ciência? Frontiers in Physiology.
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